20081130

Yorick Brown e Eu

Acabei de ler os últimos 16 números de Y the Last Man (Vertigo Comics), a HQ conta a historia de Yorick Brown, ultimo sobrevivente do "Generocídio" que matou todos os homens da Terra. As razões aparentam ser inúmeras (lógico que não vou contar tudo aqui) e as aventuras de Yorick são muito boas, diferentes ate do padrão que estou acostumado a ler nas series da Vertigo.

Mais um bocado: Yorick tem 22 anos na época da "praga", sem emprego, aluguel atrasado e trancado em seu apartamento por dias praticando truques de escapismo e conversando com o macaco que se voluntariou a treinar, Ampersand. Y esta falando ao telefone com sua namorada, uma antropologista que esta na Austrália quando a a linha cai (ao mesmo tempo que uma serie de eventos) e todos os homens da Terra morrem. A jornada de Y começa quando ele tenta alcançar sua mãe, uma congressista da Casa Branca. Após algumas situacoes, Yorick passa a ser salva-guardado pela Agente 355, que faz parte do "Culper Ring" (não encontrei uma boa tradução, se eu achar edito esse post), uma organização secreta existente desde os tempos de George Washington. 355 e Y partem em busca de respostas para a sobrevivência de Yorick e em busca de sua namorada Beth, na Austrália.

Uma das melhores series que já li, tirando o fato da velha estratégia da Vertigo de colocar uma e outra edi
ção com historias paralelas durante momentos cruciais - exemplo clássico: Sandman é cheio de sub-historias, umas boas outras nem tanto.

E
é lógico que bípede macho Homo sapiens fui tocado pela idéia, não de ser o ultimo homem na Terra (longe de mim, alias, ia fazer muito mal pro meu ego) mas de um desses desastres acontecerem, de viver num mundo Blade Runner ou Mad Max, pós apocalíptico selvagem, dirigido por quem quer que tivesse willpower suficiente pra fazê-lo e etc.

Mas o que realmente me levou a falar da minha relação com Yorick Brown, Ampersand e 355 nesses dias
é justamente a sensação de... Essa sensação de quando você termina um livro, ou uma HQ boa como essa (dane-se os pedantes que dizem que HQ não acrescenta em nada). Sabe, fica meio que um vazio, uma certa falta do que fazer... é preciso algumas horas de reflexão para voltar ao mundo real, para voltar para a vida não imaginaria... Foi assim com o Senhor dos Anéis (aos meus 17 anos de idade) e com o Pequeno Príncipe (aos 6 e varias ocasiões depois), sempre essa sensação de que alguém ou algo deixou você, e que por que mais que você saiba tudo que aconteceu (e que talvez um dia façam uma continuação das historias inacabadas) aquela parte de você que dedicou horas em frente ao PC ou com o pescoço dolorido de tanto ler no ônibus ou na cama... Se foi. Escapou como Yorick Brown escapa de uma camisa de forca. E no entanto, você se lembra dele, como se fosse o ultimo.

Nenhum comentário: