20091117

Arubaito

É a palavra japonesa pra "trabalho temporário". Pois é, comecei um. Um amigo meu estava trabalhando nesse bar, que ele achou através de um anúncio de oferta de baito, foi lá e me falou que era ótimo e que estavam precisando de alguém pros finais de semana. Como normalmente eu GASTO dinheiro no fim-de-semana resolvi ganhar algum... e tem sido legal!

Primeiro os interesses financeiros, esse trabalho paga como poucos, 1000 iens por hora, quando a média de um clube bem movimentado é 800. Trabalho 5 horas por noite todo sábado e domingo, ou seja, de 40 a 45 mil ienes por mês (comecei neste mês de novembro) que dá uns 750 reais mais ou menos. Nada mal.

Segundo, o barzinho é meio chique, pra quem tem grana. Só o "charge", a graninha só pra sentar é 800 iens. Dois barmen profissionais trabalham lá, um inclusive ganhou um concurso recentemente. Essa é outra coisa boa, eu não sirvo bebidas. O que eu tenho que fazer?

1 - Lavar a louça. E enxugar. Parece simples, mas como os caras são profissionais, tem todo um jeitinho de fazer tudo e eles estão sempre observado se eu estou fazendo como eles dizem.
2 - mais importante - conversar com os clientes. O dono do bar usa o "fator gaijin" ou seja, o cliente fica curioso com um gaijin trabalhando ali, puxa conversa, coisa vai coisa vem, o cliente bebe mais, as vezes paga uma rodada e assim o dinheiro vai rolando.

Lógico, tenho que andar apresentável, cabelo preso e penteado, sapato social e o uniforme preto do bar, mas não dói e nem me incomoda. O que me tem sido mais interessante não é o dinheiro em si, mas as pessoas que eu tenho encontrado.

Por que? Bom, aqui no Japão, mais que no Brasil, é muito fácil perder a fé na humanidade e querer mais é que o bicho-homem se exploda. Nesse barzinho perdido nos cantos de Kyoto, eu já conheci gente extremamente interessante. De verdade! Lógico que na maioria das vezes vai alguém que se interessa um pouco, conversa e acaba ali. Mas eu conheci uma moça que saca tudo de filmes, animes, música. Conversamos sobre filmes tipo Os Intocáveis, Trainspotting, etc. AONDE que neste país eu encontro gente assim com facilidade? Na faculdade estão as mentes mais fechadas que eu já conheci. Pelo jeito tenho que sair mais.

E o que é mais legal: mesmo com meu japonês fuleiro, as pessoas querem se comunicar, querem falar comigo. Me sinto bem.

Mas outro dia... Ah. Eu vi um anjo. Eu vi a mão de Deus e abaixei a cabeça em arrependimento. Jesus, que garota linda. Ela veio com os pais que são amigos do dono do bar, ela me deu um sorriso que me fez passar dois dias mal. Foi tão simpática que passei dois dias triste de saber que existe tanta beleza no mundo. Uma tristeza boa. Infelizmente minhas obrigações profissionais e a presença dos pais dela me impediram de qualquer ato, mas o que eu tive dela foi o suficiente.

Nos outros dias normalmente vem uns clientes costumeiros, tem um senhor lá que só bebe chá mas paga rodada pros trabalhadores direto. Outro dia voltei bêbado de tanto saquê, parei no boteco brasileiro e lá o cara me dá uma taça de vinho. Fui embora antes que não pudesse andar de bicicleta.

No fim, tem sido divertido, às vezes os barmen são muuuuito sacais, educados demais, mas é o clima do bar e o jeito japonês de ser... Nem esquento mais.

Oh, e o Superchunk vem aí!!!! Já estou com meus ingresso aqui na mão! Vou lá cantar com eles

I heard this song
On the radio once
I stole a bar
I stole a drink
I used the last straw from my ink
Sometimes I fear, I neglect to think

Cool, do disco Tossing Seeds

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