20111105

Sono Pula-pula

São sete da manhã de uma manhã de outono em Kyoto, desde ontem uma névoa cobre a cidade que me lembra as famosas frieiras de Manaus, quando aconteciam. Às vezes tinha névoa quando eu estava indo para escola a pé, pertinho de casa. Lembro que uma vez até choveu um granizo fininho, coisa rara na Linha do Equador.

Aqui, não. Quatro estações, bem definidas, bem diferentes. Primavera cheia de Sakuras, volta às aulas, jaquetas leves, descobertas, flores. Verão (em Kyoto) como o dia-a-dia de Manaus, trinta graus gritantes e 80% de humidade, Praia de Shirahama, japoneses amarelo-escuros de sol e garotas de biquíni que me fazem broxar de tão cafonas que são. Outono, agora. Mudança das folhas, dias ainda quentes ou de repente super frios. Frutas novas no mercado, tomates ficam tão caros e os mosquitos desaparecem.

Eu odeio o inverno.

É frio DEMAIS. Quase não neva aqui, quando neva é lindo, mas quase não neva. Ano passado nevou 20 centímetros no último dia do ano e eu me senti criança, um Charlie Brown brincando com um Snoopy invisível. Eu estava sozinho na cidade mas nunca me senti tão acompanhado. Fiz anjos de neve, caí da bicicleta, bebi vodka com um punhado de neve misturado e considerei seriamente em amarrar raquetes de tênis no sapato pra ver se funcionava como um sapato de neve. Foi um dia legal, uma despedida cordial de 2010, um ano em que tomei decisões difíceis.

Mas nem sempre é assim, as árvores secam e ficam peladas, é preciso andar com um monte de roupas que me sufocam e minha conta de gás vai pra casa dos 5 dígitos. Bicicleta se torna tortura e ninguém quer sair de casa.

O problema de hoje é o meu sono que não vem e não vai. O pior de tudo é ficar no meio, meio cansado, meio inquieto. Sem dormir e não querendo deitar.

Eu sempre tive problemas pra dormir, desde pequeno, minha mãe só faltava enlouquecer com a minha falta de sono e inquietação. Não importava quão cedo eu acordasse, sempre ia dormir tarde.

Às vezes eu durmo coisa de 6, 7 horas por dia, durante uma semana, outras eu durmo entre 8 e 12 horas, totalmente fora de qualquer agenda. Se eu tenho algo sério pra fazer, acordo de algum jeito, nem durmo, até, com medo de perder o tal evento. Se não... a mãozinha preguiçosa desliga o despertador e a força de vontade dorme mais do que eu quando eu olho pra ela. O problema do Doutorado é que nínguem te puxa pra fazer nada (em muitos casos) então como a sua responsabilidade é só sua, fica fácil procrastinar ou simplesmente trabalhar de acordo com o seu humor.

Não terminei minha apresentação ainda, fiquei doente ontem a noite e não escrevi. Mas voltei aqui hoje por que lembrei que tinha de fazê-lo.

Ouvi uma banda genial hoje, The Soft Boys. A canção é Kingdom of Love e o vídeo é tudo de bom.

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